A comunicação é ambígua. As palavras podem ter muitos sentidos inconscientes e a compreensão depende da relação do sujeito com o simbólico.

Se de um lado a comunicação não é completa e precisa, do outro, as interpretações também são inúmeras. Um jogo de quebra-cabeças complexo e em movimento, já que as peças deste jogo não parecem ser fixas e concretas.

Quem acompanha nosso trabalho já me viu utilizar o quebra-cabeça como um ‘símbolo poético’ em diversas ilustrações. É claro que a ideia surgiu do polemico símbolo do autismo.

O símbolo se tornou polêmico porque algumas pessoas tiveram a possível leitura de que ele representa peças faltantes no cérebro do autista. O que é algo ofensivo.

Eu utilizo o quebra-cabeças no intuito de que tudo é uma parte do todo. De que vamos aos poucos, peça por peça, tentando entender, tentando compreender o outro, tentando nos compreender. “Trabalho de formiguinha”, como também já ilustrei formigas carregando peças para o formigueiro. Cada uma fazendo a sua parte.

E a bolsa que a Marina carrega? A Marina fala com certa dificuldade: tanto na dicção quanto na construção precisa de seus desejos. (já deixo uma provocação aqui: Quantas vezes você já viu alguém sendo preciso ao dizer seus desejos?). Bem, a bolsa então serve para Marina carregar um caderno e uma caneta, algo que ela adotou e muitas vezes faz questão de levar. Um recurso para conseguir se fazer entender. Quando não é compreendida, ela escreve e mais uma parte se soma.

Fica aqui mais um post. Uma pequena parte. Falta a interpretação e a repetição de muitas partes.

E assim que vamos. Peça por peça. Aos poucos.

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